terça-feira, 15 de abril de 2025

São Damião de Veuster, patrono espiritual dos leprosos e marginalizados - 15 de abril

São Damião de Veuster, patrono espiritual dos leprosos e marginalizados

 

Origens
Josef de Veuster-Wouters nasceu no dia 3 de janeiro de 1840, numa pequena cidade

 da Bélgica. Cresceu em um lar católico de pequenos proprietários agrícolas, foi o

 mais novo entre sete irmãos. Ele viu duas irmãs e seu irmão mais velho tornarem-se

 religiosos, esse último da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria. 

O chamado é mais forte
Contrariando a expectativa do pai, que queria que ele se tornasse seu sucessor nos 

negócios familiares, Josef sentiu o chamado à vida religiosa. Sonhava ser missionário 

em terras longínquas, como São Francisco Xavier, por quem nutria grande devoção.

 Tendo ingressado na mesma congregação de seu irmão, recebeu o nome religioso de Damião.

Ide
Com 21 anos, Damião estava em Paris, terminando seus estudos teológicos, quando

 ouviu a palestra de um bispo do Havaí, em que ele falava dos problemas da região e 

tentava conseguir missionários para ir até o local. Uma epidemia de febre tifoide 

atingiu o colégio. E seu irmão, que se candidatara para ir em missão, adoeceu e não

 pôde ir. Damião, que ainda nem havia sido ordenado sacerdote, pediu insistentemente que fosse enviado para o Havaí. O desejo era tamanho, que escreveu uma carta ao superior da Ordem

 do Sagrado Coração, que permitiu sua partida.

“O corpo corrompe-se rapidamente. Só a alma é importante.” 

(São Damião de Veuster)

Ordenação e missão
Foi ordenado sacerdote e partiu numa viagem complicada, que durou quase cinco 

meses, um prenúncio do calvário que seria a sua vida a partir de então. Após oito 

anos de uma experiência desafiadora, mas fecunda entre os nativos do Havaí, algo de

 novo mudaria sua vida completamente.

Por amor às almas, enfrentou a lepra
Naquela época, havia uma grande disseminação de lepra no arquipélago do Havaí,

 possivelmente oriundo dos imigrantes chineses que chegavam à região. Os nativos 

polinésios não tinham nenhuma resistência à bactéria que causa a lepra, doença 

considerada incurável na época e normalmente associada – de maneira 

completamente equivocada – à pobreza e aos hábitos morais reprováveis.

Ilha Molokai
Temendo uma proliferação em todo o território, o governo local tomou uma decisão

 duríssima. Decidiu levar os leprosos do Havaí, à força, para uma ilha à qual somente

 seria possível chegar ou sair de navio. Preocupado com as almas daqueles doentes

, o bispo local sondou os sacerdotes para saber se alguém se voluntariava para ir à

 ilha Molokai, sabendo que quem se dispusesse estava assinando uma sentença de

 morte, já que o contágio era inevitável.

Ida de São Damião de Veuster para Ilha repleta de leprosos

Cenário infernal
Quatro sacerdotes se apresentaram, dentre eles, Damião, que foi escolhido para ir

 primeiro. Uma vez lá, ele se deparou com um cenário verdadeiramente infernal. 

Abandonados à própria sorte, quase mil leprosos – esse número variou muito ao longo

 dos anos – viviam na completa pobreza material e moral, entregues à devassidão, às

 drogas e ao crime.

Santa Missa
O primeiro ato do padre Damião foi celebrar uma Missa, numa capela ainda

 inacabada, com a participação de apenas dois leprosos. À medida que o tempo foi 

passando, o padre Damião foi tomando consciência do imenso desafio que tinha 

pela frente. Movido pelo amor a Deus e pelo desejo de salvação das almas, ele foi, 

para aqueles leprosos, médico, carpinteiro, pedreiro, cozinheiro, professor e,

 principalmente, sacerdote, pai, pastor de almas.

Sepultou milhares
Quando chegou à Molokai, a situação era tão calamitosa que os mortos sequer eram 

enterrados. O padre Damião cavou e sepultou mais de dois mil leprosos ao longo dos 

quinze anos que permaneceu na ilha. Construiu trezentas cabanas, fez cerca de dois

 mil caixões, organizou o cemitério, construiu uma igrejinha de alvenaria, um pequeno 

hospital, um pequeno canal para fazer chegar água potável para o povoado. Mais do

 que as obras, ele devolveu àquele povo o sentido de viver, tratando os leprosos

 sempre com amor e carinho. 

Vítima da lepra
Após dez anos de apostolado em Molokai, certa vez, ele derramou água quente no pé 

e não sentiu nada: era a comprovação de que havia contraído a lepra. Na homilia do 

domingo seguinte, deu a notícia aos seus fiéis leprosos da seguinte forma:

“Nossa verdadeira pátria é o Céu, para onde nós, os leprosos, estamos certos de ir 

muito em breve […]. Lá não haverá mais nem lepra nem feiura, e seremos

 transfigurados.”

Devoção a São Damião de Veuster

Clareira no coração da história
São Damião de Veuster é “uma clareira no coração da história”, e nos ensina que

 “nenhum sacrifício é grande demais se feito por amor a Jesus Cristo”. Seu exemplo

 comoveu o mundo, a ponto de membros de diversas religiões admirarem sua

 determinação e seu amor pelos leprosos. A respeito dele, Mahatma Ghandi disse:

 “É preciso saber de onde tirou este homem a força para tal heroísmo”. Nós sabemos

 de onde ele tirou esta força: da Eucaristia, centro da sua vida, alimento diário, pão 

dos fortes e sustento dos fracos.

Canonização
Na homilia de sua canonização, ocorrida no dia 11 de outubro de 2009, o Papa

 Bento XVI diz que São Damião de Veuster, “o servidor da Palavra que se tornou 

assim um servo sofredor, leproso com os leprosos”, “convida-nos a abrir os olhos 

sobre as lepras que desfiguram a humanidade dos nossos irmãos e interpelam ainda 

hoje, mais do que a nossa generosidade, a caridade da nossa presença servidora”.

Minha oração
São Damião de Veuster, seu exemplo me ensina que é possível sair de mim mesmo

 e ir ao encontro dos leprosos de nosso tempo, dos marginalizados, daqueles com 

quem ninguém se importa. Inspirai-me a doar a minha vida, a ser tudo para todos por

 amor a Jesus Cristo.

Ajudai-me a perseverar no serviço e na oração, rogai por mim, para que eu tenha tal

 amor a Cristo que me desapegue inclusive da minha própria vida.

Ajudai-me a perceber que não há sacrifício grande demais se eu o fizer por amor a 

Nosso Senhor.

Ajudai-me a nunca parar nas aparências, nunca nutrir preconceitos com quem quer 

que seja, mas ser sempre o rosto e as mãos amorosas de Cristo para todos aqueles 

que precisam ser amados e cuidados neste mundo.”

São Damião de Veuster, rogai por nós!

 

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