E O MEDO DA MORTE CONTINUA!
Neste Ano Santo do
Jubileu de 2025 anos da Encarnação de Jesus Cristo, o dia 2 de novembro em que
celebramos a Comemoração de todos os fiéis defuntos (Dia de Finados), lembrando
e celebrando por todos os nossos fiéis falecidos, será no domingo. O
Trigésimo-Primeiro Domingo do Tempo Comum sede lugar a esta comemoração. Já o
Dia de Todos os Santos será no sábado, dia 1º de novembro. “Aos que visitarem o
cemitério e rezarem pelos defuntos, - concede-se uma Indulgência Plenária aplicável aos defuntos -
do dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras: confissão
sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice” (Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil, Ano C
2025, p. 171).
Se há
alguns poucos anos falar de sexo abertamente era tabu, hoje é tabu falar em "morte".
E o medo
da morte continua! A grande certeza que vivemos, é que um dia
morreremos, no entanto "morremos
de medo de morrer...". Cada vez que a morte passa por perto,
ou me encontro diante dela através do exercício de meu ministério, encomendando
alguma pessoa falecida, meu questionamento é em relação à vida que levo!
A morte é uma excelente oportunidade de melhorar minha qualidade de vida.
Geralmente deixamos para depois, as mudanças que talvez tivessem de ser
revistas logo. É bom não sabermos o dia e a hora de nossa morte, mas quando
vier, e nosso nome ecoar na eternidade, não terá outro jeito, a não ser morrer!
Gosto de chamar a morte de nosso terceiro parto.
O primeiro acontece quando deixamos o útero materno, que geralmente é
aconchegante e delicioso. Talvez por isso a criança, ao nascer chora. O segundo
parto, é quando nascemos do “útero da Igreja”, a Pia Batismal, e
o terceiro e definitivo parto, é quando partirmos da vida terrena à vida
eterna. Por mais difícil que seja viver, ninguém quer partir. A morte dói, nos faz
chorar e traz vazio com sabor de saudade inexplicável.
Nossa
vida poderia ser comparada a uma viagem de ônibus. Quem ainda não andou de
ônibus? Quando nascemos, entramos num ônibus, que é a vida terrena. A única
certeza que temos é que há um lugar reservado para nós. Uma poltrona. Não
sabemos quem serão nossos companheiros de viagem. Apenas sabemos que a poltrona
reservada para nós deverá ser ocupada. Não sabemos quem serão nossos pais,
irmãos, amigos, parentes, enfim... Nossa única missão é tornar a viagem a mais
agradável possível.
O
ônibus, de vez em quando pára na rodoviária. Se a viagem de ônibus é a vida
terrena, a rodoviária é a morte. Ninguém gosta da rodoviária: há cheiro de
banheiros, de óleo diesel, barulho de ônibus chegando e saindo, ninguém se
conhece, muita gente se esbarrando ou até se derrubando. Há sempre uma
incerteza, um friozinho na rodoviária que arrepia nossa espinha, que é a
morte. Todos passam pela rodoviária
porque precisam, mas não porque gostam. Haverá um momento em que nosso nome
será chamado no alto-falante da rodoviária. Então precisaremos descer do ônibus
da vida. Se tivermos enviado algum bilhete, uma carta, feito um telefonema ou
até mesmo enviado um e-mail, uma mensagem por WhatsApp para a
eternidade, avisando nossa chegada, não precisaremos ter medo, porque Deus
estará esperando por nós. O bilhete, a carta, o telefonema, o e-mail e a
mensagem do Zapp são nossa maneira de viver a fé, a esperança e a caridade
através de nossa relação com Deus, conosco e com os outros!
Assim
Deus estará esperando-nos na rodoviária da morte. Seremos identificados e
acolhidos por Ele, de acordo com o que fomos e fizemos, nunca com o que
tivemos. Se Deus não tiver tempo, pedirá ao Seu Filho Jesus para buscar-nos e
conduzir-nos à morada eterna. Se de tudo Jesus também não tiver tempo, Nossa
Senhora nos deixará perdidos ou esperando. Ela estará lá, de braços abertos,
para receber-nos e levar-nos à presença de Deus, colocando-nos em Seu Eterno
Colo de Amor. É o que rezamos sempre: "...rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa
morte. Amém!"
Pe.
Gilberto Kasper
Teólogo
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